Lc 14, 25-33 – Renúncia: Conversão do Coração
De noite, para evitar a ironia de seus colegas fariseus, Nicodemos vai ao encontro de Jesus que lhe diz: “Se alguém não nascer ‘de novo’, ‘do alto’, não poderá ver o Reino de Deus”. É imprescindível estar orientado para o Pai, que não desampara a quem n’Ele confia.
Para que os discípulos estivessem preparados e prontos para a missão de anunciar o Evangelho do amor e da misericórdia, o Mestre lhes faz, de modo incisivo, algumas advertências fortes e provocadoras. No Evangelho de hoje, não poucos ficam surpresos e até espantados ao ouvi-l’O dizer: “Se alguém vem a mim, mas não odeia (misei – miséw) seu pai e sua mãe, seus irmãos e suas irmãs e até a própria vida, não poderá ser meu discípulo”.
Ora, o verbo “odiar”, segundo um modo de falar semítico, significa: “Ter em menos conta”. Jesus o utiliza para realçar a necessidade de os discípulos não atribuírem um valor supremo às realidades do mundo, mas manterem-se voltados para Deus, amando-O “de todo o coração”.
Amar a Deus é buscar uma vida feliz… Sentir-se enamorado do bem, da verdade, da luz… É tender para o Alto sem se deixar prender pelo que impede de voar, correr, viver alegre… É viver intensamente, louvando as maravilhas do Sumo Bem, de quem tudo procede.
Eis o “Instante” de Jesus; eis o grande sinal de uma nova realidade, de um novo tempo! A instituição terrena não é desprezada; a realidade espiritual, anunciada pelos profetas, é buscada e cultivada. O Evangelho torna-se, para Seus seguidores, renascidos do Alto, a mensagem norteadora e essencial da vida. Então, gratos e humildes, eles amarão com verdadeira alegria e coração dilatado, seus pais, filhos, parentes e até os seus inimigos.
Convertidos, os discípulos participam do amor misericordioso do Pai e se tornam instrumentos de paz e de unidade, de comunhão e de transformação. Se há os que rejeitam a mensagem, há os que a abraçam e se abrem à sua incondicional exigência… Mudam (metanoia) seu modo de pensar, de agir… Vivem a comunhão salutar e perene com o Pai das misericórdias.
Prof. Dr. D. Fernando Antonio Figueiredo, bispo emérito de Santo Amaro
E muito interessante,deus e único e verdadeiro,em nossas vidas