Lc 24, 46-53 – Ascensão de Jesus
O Senhor fala do Seu amor. Os Apóstolos querem ouvir seu coração, os segredos do Reino. Mas, após confirmá-los na fé, Ele lhes dá uma missão divina: anunciar a todos o Evangelho do amor e da misericórdia.
Consumado seu “êxodo” em Seu corpo martirizado, ostentando a chaga do lado, Jesus os abençoa. Profeta por excelência, Ele “é arrebatado ao céu, onde estará à direita do Pai”. Mas, no fim dos tempos, retornará para conduzir a Criação à sua plenitude.
Desde já, um novo Reino em gestação…a nova verdadeira criação de Deus!
Ao pé da montanha, os Apóstolos. Não só os três, como no Monte Tabor: o Filho do Homem, majestoso, sereno, humilde, sobe aos céus levando consigo a humanidade toda inteira, o mundo universo. Todos, pela comunhão do corpo sagrado de Cristo, são religados ao Pai “associados ao trono de Sua glória, depois de tê-los unidos à Sua própria natureza” (S. Leão Magno, Serm. de Ascensione, 3).
Fantástico! Tudo o que é vivido por nós, com amor, adquire um valor eterno e imperecível. Ele perpassa a linha do pecado, pura pretensão para nos isolar do Criador, e nos eleva ao Pai, em quem alcançamos a nossa verdadeira estatura de criaturas.
Finitos e limitados, potencializamos a ação de Deus e, acima de nossos limites, recebemos os dons e as graças próprios da natureza divina. Cada um de nós, um bem eterno!
Ascensão do Senhor! Na glória celeste, à direita do Pai, o Senhor nos diz: “Ninguém está só, ninguém é excluído da comunhão eterna”. Em seu amor, Ele aguarda “que o mundo inteiro faça parte da vida divina e se torne, exceto a igualdade de natureza, tudo o que Deus é” (S. Máximo o Confessor).
Os Apóstolos partem, vão evangelizar. Estão conscientes de que a última palavra pertence não à morte, mas ao amor, à misericórdia, à compaixão. Jesus está vivo, à direita do Pai.
Entre luzes e trevas, vitórias e perseguições, a Igreja peregrina não cessa de anunciar o Evangelho. É urgente converter-se; é urgente estender a todos a Palavra de Jesus, tornar presente a pregação dos Apóstolos. Anima-nos a certeza de que “Deus ressuscitou seu Servo e O enviou a nos abençoar, para que, em nós, se cumpra a Promessa de bênção para todos os povos” (cf. At 3,26.25).
Prof. Dr. D. Fernando Antonio Figueiredo, bispo emérito de Santo Amaro