O período pré-socrático refere-se ao tempo na filosofia grega que antecedeu o pensamento dos filósofos conhecidos como os sofistas e Sócrates. Esse período compreende aproximadamente o século VI a.C. até o final do século V a.C. e é marcado por uma mudança significativa na abordagem filosófica em relação à explicação da natureza e do cosmos, graças aos filósofos pré-socráticos.
Os filósofos pré-socráticos estavam principalmente preocupados em compreender a origem e a natureza do mundo de maneira racional, sem recorrer a explicações mitológicas. Eles eram chamados de “pré-socráticos” porque suas ideias surgiram antes do impacto filosófico significativo causado por Sócrates.
O período pré-socrático é fundamental para a história da filosofia, pois marca o início do pensamento racional e científico, sinalizando uma transição importante do mito para a razão na busca do entendimento do mundo e da existência.
Quem foram os filósofos pré-socráticos?
Os filósofos pré-socráticos foram os primeiros a explicarem o mundo sem recorrer ao sobrenatural, sem recorrer ao místico. Anteriormente a eles, o mundo era explicado através da mitologia. A mitologia, no seu tempo, era o que estabelecia as regras sociais e estabeleciam a unidade do povo grego. Os pré-socráticos eram estudiosos da physis (a natureza), aquilo que é natural, que ia em contraposição ao sobrenaturalismo vigente.
Água, Ápeiron e Arithmós
O primeiro filósofo foi Tales de Mileto. Tales acreditava que a primeira substância era a água, a água era a origem única de todas as coisas. Ele acreditava que era possível ver a água em tudo. Se tudo era água, tudo era um por conclusão lógica. Logo o universo inteiro era caracterizado pela unidade na visão de nosso primeiro filósofo.
Anaximandro de Mileto acreditava que o universo tenha sido criado por modificações de um princípio originário (arché). Esse princípio era o ápeiron (infinito). Esse primeiro princípio tinha de ser naturalmente não-gerado, pois aquilo que foi gerado tem necessariamente um fim. Logo esse princípio era o princípio de todas as coisas, mas não teve um princípio próprio.
Pitágoras de Samos acreditava na unidade entre todos os seres existente. O que unia todos os seres era a arithmós (no caso, a matemática). O esforço intelectual conseguiria unificar numericamente todas as coisas. Os números são, portanto, a alma das coisas.
Heráclito e Parmênides
Comecemos por Heráclito: tudo é contínua mudança, isto é, estamos numa constante alteridade. Daí surge o clássico exemplo do rio: quando banhamo-nos no rio, somos uma coisa e o rio outro; quando banharmo-nos novamente, seremos outra coisa e o rio outra. O ser está em constante mudança, tudo está em constante mudança.
Parmênides afirmará o contrário, o ser não está em contínua mudança, mas em estado de permanência. Parmênides entrará em duas noções: “o que é” e “o que não é” – o segundo revelar-se-á impossível segundo o pensamento de Parmênides. O ser é, foi e sempre será o mesmo. O não-ser não é e nunca será. O ser não pode vir a tornar-se outro ser, pois para ser outro ser ele teria de ser o não-ser – e isto é uma impossibilidade lógica. Quando um ser é criado, ele já tem dentro de si todas as potencialidades que o definirão. Logo ele nunca se torna o que ele não poderia vir a ser, tudo já está delimitado em sua potencialidade.
Os pré-socráticos foram os primeiros a levarem o mundo ao conhecimento científico. Eles deram os passos iniciais para construção de um pensamento racional e, portanto, foram importantíssimos para o progresso da humanidade. Se não fosse por o pontapé que eles deram, nossa civilização não teria progredido tanto.
Escrito por: Gabriel Dutra, aluno do 2º semestre do curso de Filosofia da Ítalo
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