Apresentação da Revista EDUCAFOCO
Apresentamos a você, a EDUCAFOCO, uma Revista Eletrônica Interdisciplinar Internacional: Educação, Pesquisa e Formação Continuada. Ela é o resultado do trabalho do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saberes Interdisciplinares, GEPESI. Foi fundado em 2018 e é ligado ao Programa de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão do Centro Universitário Ítalo Brasileiro.
A Revista é uma publicação no campo da Educação, Pesquisa e Formação Continuada. Seu objetivo é reunir artigos de diferentes aportes teóricos buscando um diálogo entre as diversas áreas de atuação humana, bem como Filosofia, Arte, Cultura, Economia, Antropologia, Direito e outros. Sua base é a interdisciplinaridade, o que ajudará na promoção de discussões críticas sobre temas específicos que refletirão sobre problemáticas de nossa sociedade.
Serão propostos temas ligados a vários campos do conhecimento, em sintonia com os debates que acontecem no meio acadêmico nacional e internacional. Serão dois números por ano, a partir de 2020.
Somos os idealizadores e organizadores da revista e nossa postura interdisciplinar permite ativar nossa escuta sensível à realidade, não perdendo de vista que desejamos cooperar com a transmissão do conhecimento, com os princípios que podem ajudar na transformação social.
Acreditamos na cooperação das áreas para um objetivo maior.
Muitos questionamentos fizeram parte da estruturação da EDUCAFOCO, entre eles o que é educação? O que é pesquisa? Como pesquisar e envolver-se com os estudos? Para que formação continuada?
Escrever sobre esses temas será um enorme desafio, porque a ideia é incentivar profissionais a se desenvolverem para melhorar as questões educativas que se apresentam na atualidade.
Nossa Revista receberá textos de pesquisadores interdisciplinares que desejem participar e ampliar a compreensão reflexiva acerca de diferentes temas.
Aceitaremos a publicação de artigos, ensaios, pesquisas, entrevistas.
Serão aceitos para submissão artigos em português, inglês e espanhol. A revisão ficará a critério do autor, que se responsabilizará pela linguagem apresentada.
No primeiro ano de publicação, 2020, nossa proposta será Revisitar o passado, buscando no Centro Universitário Ítalo Brasileiro o fio de sua história na educação e na pesquisa e rever e conhecer mais sobre a Interdisciplinaridade e suas contribuições para a Educação brasileira.
Autores: Ana Maria Ramos Sanchez Varella e Jerley Pereira da Silva
Número 1, 1ºsemestre de 2020.
A EDUCAFOCO apresenta o tema: Educação e Pesquisa
Título: Revisita à história da educação e pesquisa, no Centro Universitário Ítalo Brasileiro.
Neste número inaugural serão destaques um breve relato da história de vida do Prof. Pasquale Cascino e o percurso de um Núcleo de estudos e pesquisas chamado FIQUE, que muito contribuiu com seus estudos e pesquisas.
EDITORIAL
Caro Leitor
Ao revisitar a história da educação e pesquisa no Centro Universitário Ítalo Brasileiro muitas recordações se fizeram presentes e saudades do que vivemos.
Emocionante rever e recompor a história de seu fundador, perceber o quanto foi dedicado à educação. Constatar que seu filho e neto respeitam até hoje, na Instituição, a sua filosofia.
Fez parte de nossa história a vivência no FIQUE (Núcleo de estudos e pesquisas em física quântica e espiritualidade), que nos marcou profundamente com tantos aprofundamentos das pesquisas realizadas e pelas parcerias instauradas. Ele modificou a realidade na área da pesquisa do Centro Universitário Ítalo Brasileiro.
O FIQUE tinha encontros semanais enriquecedores com docentes, convidados e discentes. As reuniões eram permeadas de profundas reflexões, por que estudar o autoconhecimento, dentro de perspectivas interdisciplinares formava um conjunto de inovações acadêmicas e científicas. Pesquisadores de vários centros de estudos se interessaram pelo diálogo do Núcleo e contribuíam com palestras, textos, organização de eventos com trocas de conteúdo de excelência.
Alguns fatores contribuíram para o sucesso do FIQUE, nossa dedicação plena e a experiência em pesquisa, além do apoio total da direção do Centro Universitário e os pesquisadores que aceitaram o desafio de se aprofundar e aceitar novos paradigmas.
Convivemos durante sete anos com pesquisadores renomados que nos deram a honra de suas presenças nas reuniões. Ao final delas escrevíamos atas, que se tornaram históricas. Elas retratavam as pautas das reuniões. São documentos ativos e estão à disposição dos estudiosos.
Os temas Física quântica e espiritualidade continuam em pauta no mundo científico.
Infelizmente, muitos pesquisadores do Núcleo se afastaram por motivos profissionais e foi necessário encerrar suas atividades em 2017.
Em respeito ao que foi vivenciado pelo FIQUE de 2011 a 2017, a valorização do passado e respeito aos registros de renomados professores, divulgaremos a história importante da fundamentação da educação e pesquisa no Centro universitário Ítalo Brasileiro.
Será um presente para os leitores apresentar a metodologia e a história da formação de um Núcleo de estudos e pesquisas, usufruir dos textos escolhidos, artigos, ensaios, registros de pesquisadores contumazes.
Que oportunidade leitor, de valorizar os Mestres e Doutores que compuseram a fundamentação e valorização da pesquisa, confirmando a ideia da Interdisciplinaridade que os estudos do passado precisam sempre ser resgatados para buscar novos conhecimentos.
Convidamos, você, para estar conosco neste e nos próximos números.
A EDUCAFOCO valoriza a educação, pesquisa e formação como base da evolução individual e coletiva.
Ana Maria Ramos Sanchez Varella e Jerley Pereira da Silva
Três gerações no Centro Universitário Ítalo Brasileiro
Adaptação e compilação de vários textos:
Ana Maria Ramos Sanchez Varella
Início da História… vida do fundador educador Pasquale Cascino.
Ao investigar e revisitar a história, encontrei muita emoção nas palavras de um filho para com seu pai. Por esse motivo a narrativa faz parte de escritos de Marcos Cascino e é tão representativa. Serão abolidas as aspas.
Tudo começou com sonhos de meu pai.
Foi um homem sonhador, preocupado com as questões sociais e com muita vontade de vencer.
Imigrante italiano, filho de Francesco Cascino e Domenica Maria Viccino, nascido em 07 de junho de 1923 em Verbicaro, província de Cosenza, Itália e falecido em 14 de agosto de 2003, em São Paulo.
Em 1937, meu pai deixou Verbicaro e veio para o Brasil. Seu grande sonho era ser engenheiro, porém não conseguiu concretizar seu desejo.
Em 1949, construiu com as próprias mãos, um pequeno espaço de 15 m2 em Moema e fundou uma pequena escola de datilografia com 4 máquinas.
Concluiu sua formação como normalista e se apaixonou definitivamente por educação, fundando então uma escola primária. Casou-se com uma professora e ficou com ela até o final de sua vida.
Meus pais trabalhavam duro. Meu pai lutava para realizar seu sonho na ampliação de uma escola primária construída pelas próprias mãos, o que aconteceu em 1961.
Uma casa muito boa que comportava 400 alunos por período.
Foi sócio fundador da Instituição Educacional Professor Pasquale Cascino, mantenedora do Colégio Ítalo Brasileiro de Educação Infantil, com início em 1968.
Em 1972 deu empreendimento à Faculdade Ítalo-Brasileira, campus unidade Moema com os cursos de Administração Geral, Administração com Habilitação em Comércio Exterior, Ciências Contábeis, Tecnologia em Processamento de Dados, Ciências Econômicas.
Em 1999, foi aberto o campus da unidade Santo Amaro, localizado na Av. João Dias, 2046 e que já incluía os cursos de Educação Física, Fisioterapia, Pedagogia, Secretariado Executivo Bilíngue, Enfermagem e Administração com Habilitação em Marketing. No mesmo endereço, também foi o mantenedor do Teatro Paulo Autran.
Construir uma Instituição Educacional que atendesse os mais necessitados era outro sonho, ele o atingiu culminando com o Centro Universitário Ítalo Brasileiro que hoje conta com mais de 8.000 alunos de ensino superior. É uma Instituição consolidada com mais de 70 anos de história, reconhecida por seu corpo docente altamente qualificado e sua tradição no ensino, que une práticas pedagógicas inovadoras com metodologias clássicas.
Ela visa ao desenvolvimento intelectual, à evolução pessoal e à ascensão profissional do aluno. O ambiente é essencial e até decisivo no processo de aprendizagem. Possui um campus amplo, aberto, com uma linda área verde, proporcionando a todos o contato com a natureza. Está atenta às necessidades e dinâmicas de ensino inovadoras, que unem aprendizado com um ambiente agradável e estimulante na sala de aula. Oferece infraestrutura completa, com piscina, ginásio poliesportivo, teatro, laboratórios e tudo o que o aluno necessita para sua capacitação.
O Centro Universitário Ítalo Brasileiro investe em inovação e progresso, sem abandonar sua essência e tradição.
Visão
Ser um centro universitário de referência, atuando com práticas inovadoras, com relevância social e formando profissionais para o mercado de trabalho.
Missão
Somos comprometidos com a evolução pessoal, com exercício da cidadania e formação profissional, buscando contribuir para uma sociedade mais humana e justa.
Valores da marca Ítalo
Educação, Respeito, Acolhimento, Ambiente, Evolução.
A história continua com seu filho
Marcos Antônio Gagliardi Cascino, que teve a missão de continuar o legado de seu pai.
Sequência de sua narrativa…
A cada dia busco o aprimoramento em diferentes contextos, tento ser uma pessoa melhor. Verdadeiramente almejo essa melhora, pela oportunidade de ter construído uma bagagem anterior.
Por isso reforço, sem história não é possível melhorar. Os aprimoramentos não acontecem apenas na esfera acadêmica, mas, também nas relações sociais.
Meu pai me mostrou o verdadeiro significado da superação de dificuldades, quando pensava em ajudar aqueles que como ele, um dia, tiveram de ver seus sonhos prejudicados. A vontade tinha de ser maior do que tudo.
Pretendo contribuir com a sociedade, essa mesma sociedade arquitetada pelo sonho de meu pai um dia, e que abraço por inteiro, hoje.
Quero propor reflexões que traduzam a capacidade de automotivação, iniciativa para investigação, harmonia no tripé estudos, trabalho e vida familiar, aplicação dos conhecimentos obtidos em sala de aula na resolução de desafios profissionais e autonomia intelectual no processo de ensino e aprendizagem.
Meu objetivo não é apenas pensar na educação dos estudantes dentro do Centro Universitário, mas perguntar até que ponto eles conseguirão acompanhar descobertas magníficas e dimensões sociais que valorizarão a grandeza do espírito, da cultura e da verdadeira essência das coisas.
Nossa Instituição possui uma trajetória de serviços prestados com mais de 70 anos de história no universo educacional e sempre esteve atenta e disposta aos novos projetos e propostas pedagógicas.
Durante várias décadas, essa instituição se deparou e venceu diversos desafios e obstáculos sociais, políticos e econômicos que fizeram parte da história desse país.
O Ítalo é uma Instituição Educacional comprometida com a formação e evolução pessoal e o exercício consciente da cidadania, para contribuir com o desenvolvimento de uma sociedade ética e justa. Neste sentido, a educação superior tem como seu maior desafio, no século XXI, não somente formar pessoas, mas modificar vidas, proporcionar sonhos e redesenhar trajetórias contribuindo, assim, para o desenvolvimento da sociedade como um todo.
Meu pai foi o primeiro italiano a empreender na área educacional no Brasil.
É uma história continuada, que teve início com meus pais, passando por mim e atualmente está com meu filho.
Houve uma continuidade e toda continuidade gera uma história. Assim como na vida a história está conectada ao ato de vivenciar. Esta trajetória de mais de sete décadas, e traduzida na continuidade de filosofia, de valores, de missão e de metas dentro de um processo contínuo e sem interrupções.
E continua…
Como Educador e Reitor sou o elemento de apoio a meu filho. O fio condutor que une as três gerações é o Idealismo.
Marcos Vinícius Busoli Cascino é o atual chanceler do Ítalo. Sua gestão tem demonstrado que é um empresário visionário, ético, competente e gentil. Com certeza não deixará quebrar os fios que uniram as três gerações.
História e importância do FIQUE
Pesquisa e metodologia interdisciplinar na formação de um Núcleo de estudos e pesquisas.
Ana Maria Ramos Sanchez Varella
http://lattes.cnpq.br/9470675519276604
Marcos Antônio Gagliardi Cascino
http://lattes.cnpq.br/2007555663620388
O profissional, principalmente o que trabalha na linha de frente da Educação, precisa se valorizar mais, cuidar de suas histórias, registrar o que faz, valorizar cada passo conquistado.
É esse o nosso desejo, incentivá-lo a continuar sua formação, estudar, rever seus estudos.
Resgatar a história para um novo tempo, será fundamental para mostrar ao leitor que o passado tem muita importância e deixa marcas para pensar o presente. Participamos de abertura de vários grupos de estudos e pesquisas, porém narraremos o percurso de um Núcleo que nos motivou muito e deixou pesquisas bem estruturadas.
Para os que desejam entrar no processo de criação de grupos para estudo, nossa narrativa vai ajudá-los. A escolha da liderança é fundamental, sua história acadêmica, sua vontade e persistência, a experiência sobre o assunto escolhido como objeto é muito importante para o processo.
Os pesquisadores convidados precisam ser respeitados em sua individualidade. Há de se pensar em paciência e respeito com abordagens dos professores para não os ferir.
Pesquisar interdisciplinarmente é um desafio enfrentado e possui diferentes ordens, que podem ser teórica, pessoal e metodológica. Há mais de 40 anos Interdisciplinaridade tem sido o assunto de discussões no Brasil e em alguns países. Muito já se fez, escreveu, não há mais lugar para profissionais e Instituições de Ensino amadores. Suas ações não podem ser apenas intuitivas. O caminho é a valorização de profissionais pesquisadores, que queiram ir além do seu movimento básico.
Quem não valoriza a própria história não conseguirá a valorização de tudo que já foi vivenciado. Há que se rever o passado, os estudiosos, os historiadores, valorizar o conhecimento. É imprescindível que ao se falar de pesquisa possamos analisar que tipo de profissional somos, como nós formamos, as nossas dificuldades superadas ou enfrentadas e temos de ter competência para superação.
Quando tratamos da Interdisciplinaridade científica ela nos levará aos estudos, a aprofundamentos, à formação continuada. Ainda muito se discute sobre a metodologia que a Interdisciplinaridade poderia nos conduzir. Os projetos interdisciplinares, voltados às práticas fora da academia, mostram o verdadeiro caminho para o pesquisador chamado interdisciplinar.
Para Cascino, falar sobre Educação é muito prazeroso, mas, ao mesmo tempo, provoca, naquele que tem noção da gravidade do tema, um certo frisson, um certo “frio na barriga”, pois é como manusear um objeto de valor, é como moldar no barro uma figura que será em seguida entregue a alguém que a levará consigo e a deverá transmitir, por sua vez, a outro, numa sequência de partilhas, talvez infinitas. Essa imagem moldada no barro por nossa pena, ou por nossa voz, dependendo do caso, tem de ser a mais fiel a nós mesmos e àquilo que acreditamos ser o verdadeiro sentido da educação.
De fato, a educação, considerada em seus processos de ensino-aprendizagem, concebida como constante evolução de matizes e aplicabilidades práticas, é perene! Nunca a ideia de ter “terminado os estudos” esteve tão ultrapassada.
Em todos os setores da atividade humana, os processos tecnológicos têm vindo somar expertises e produzir resultados mais adequados ao nosso tempo. Não saberíamos mais viver sem o celular, sem a internet etc. Mas, paradoxalmente, a educação está ainda atrasada e necessitando de um salto tecnológico. Qual o papel do educador? Esse dilema existe em todos os demais campos ora dominados pelos avanços tecnológicos. A resposta a esse questionamento, é que, especificamente em nossa época, deve-se valorizar a figura do educador, que não é mais o “detentor do conhecimento”, mas o “mestre” que propicia o espaço do ensino e indica o rumo do verdadeiro aprendizado.
Sabemos que, na Idade Média, esse período histórico tão ultrapassado quanto subestimado, as Corporações de Ofício surgiram e criaram uma relação entre mestres e aprendizes, na qual os papéis eram bem claros. O mestre protegia, amparava, ensinava um ofício, e o aprendiz lhe devia dedicação e disciplina. Essa relação deu frutos de toda ordem, dos quais até hoje nós somos herdeiros e beneficiados.
Os séculos se passaram, a humanidade caminhou, os processos de produção e as relações com o trabalho moldaram a educação, enfim tudo tomou um caráter mais tendente ao automatizado, ou seja, ao padronizado e cada vez menos humano. A cada época, o seu desafio. Temos atualmente talvez o mais difícil de todos os desafios a ser vencido, que é criar meios, métodos, metodologias que favoreçam esse retorno ao ser humano em sua integralidade.
Em épocas de dúvidas, de desconfianças, de quase desespero, é preciso que os mestres de nosso tempo criem ocasiões de incutir nos homens a emoção da descoberta; descoberta de si mesmo e do que o rodeia, desenvolvendo habilidades e competências, para enfrentar não apenas o mundo de hoje, mas sobretudo o de amanhã. Convidar os discentes e docentes a conhecer mais profundamente suas curiosidades, retirando-as do campo da informação e gerando o conhecimento. Esse processo se dá nos questionamentos, nas buscas de respostas para o ser pesquisador, que todos nós somos.
Qual a grande ambição da Sociedade?
Para responder a essa questão Japiassu (2005, p.7) responde que é tentar compreender o homem sob todos os seus aspectos: físico, moral, cultural, religioso etc. É o rigor do método científico.
Desde sempre as religiões e mitos propuseram respostas aos grandes enigmas sobre a natureza humana, é assim que Japiassu (2005, p.5) mostra a marcha da história e o sentido da vida humana.
No Renascimento a grande contribuição foi a de promover a doutrina colocando o homem como valor supremo, não deveria se subordinar a nenhuma lei exterior (divina, natural ou histórica).
Segundo o autor era o humanismo fundado na filosofia do sujeito, proclamava-se a sua liberdade e felicidade no centro das preocupações e decisões. O homem teve de esperar até o século XVIII para que houvesse um projeto para a fundação da ciência do homem.
Foram vários os filósofos que enfatizaram a necessidade de surgir uma nova ciência, entre eles Vico, Hume, Condorcet, Kant. Vico foi o primeiro filósofo que buscou compreender as identidades reveladas de diferentes povos, avaliou os modos de sentir e pensar comuns. Para ele a formação da sociedade é fruto de lenta maturação para observar e detectar leis. A evolução nesse sentido se faz em 3 estados: dos deuses (teocrático), dos heróis (aristocrático) e o dos homens (humano), porém somente o último garante a igualdade dos direitos. Ele foi o pioneiro da Sociologia. Alguns pensadores foram em busca do conhecimento para dar vida à observação humana em todos seus aspectos: físicos, intelectuais e morais. A “Sociedade dos observadores do homem”, que foi criada em Paris, no momento da Revolução Francesa, recolhia informações para compreender como o ser humano se constrói pela educação e cultura. Com isso essa Sociedade composta de naturalistas, historiadores, filósofos e médicos pretendeu construir a verdadeira Ciência das ideias. Surge nesse momento a Antropologia, porque dedicaram-se a estudar o homem e a vida em sociedade e privilegiaram o estudo das sociedades chamadas “primitivas”. Enviaram uma expedição às terras austrais para observar o modo de vida dos povos primitivos e poderem refletir sobre os homens da Antiguidade.
Será verdade que as Ciências Humanas vivem uma época de renascimento? Terá chegado o tempo do fim da indeterminação paradigmática, turbulência e ostracismo, como sugere Japiassu (2005, p.173).
Segundo Rousseau o homem possui a liberdade e nela reside na possibilidade da cultura e da história, dupla história a do indivíduo que se faz pela educação, a da espécie (cultura e política). O indivíduo, hoje, é considerado ator social e dispõe de relativa autonomia de ação e pensamento, portanto, ficará muito complicado estudá-lo apenas como agente prisioneiro de estruturas sociais. As várias correntes humanas estão em busca de construir novos paradigmas, querem redescobrir o que há de verdadeiramente humano no mundo. As Ciências Humanas não o divinizam e nem sua dissolução.
Hoje, segundo Dosse (apud Japiassu 2005, p.178), recusa toda a forma de dogmatismo e reducionismo e torna impossível o fechamento do homem numa lógica exclusivista.
É permitido aos pesquisadores, hoje, aceitarem democraticamente as pluralidades e diversidades. Com isso, cada vez mais, manifestam-se projetos interdisciplinares, que visam ao diálogo entre as ciências naturais, humanas e a filosofia. Segundo Japiassu (2005, p.180) ao reconhecer novos pluralismos teóricos, a Interdisciplinaridade tem tentado transgredir as fronteiras disciplinares e buscar, em outros saberes, a valiosa contribuição e já estimulou abertura nas ciências cognitivas e comunicação. Muitos cientistas humanos voltaram à Filosofia para não mais pensar sobre, mas com, na tentativa de encontrar não mais verdades, mas a unidade de um momento de verdades. A Filosofia é um exercício do pensamento e coloca como os seres humanos se relacionam com o mundo e com os demais homens, buscando sentidos para o todo da condição humana.
O mais importante é que as Ciências Humanas renasceram para enfrentar os novos desafios e diferentes problemas práticos, os psicossociológicos e éticos. É o momento para refletir, interrogar, não basta apenas saber, mas avaliar as consequências desse saber. É o incentivo de resgatar o sentido do agir humano em todas as suas dimensões.
O que é um diálogo interdisciplinar? Como ele se processa? Quais são seus caminhos?
Durante sete anos o FIQUE Física quântica e espiritualidade, Núcleo de estudos e pesquisas fez parte de nossas histórias acadêmicas e abriu o campo de pesquisa no Centro Universitário Ítalo Brasileiro. Narrar a construção Interdisciplinar de um Grupo de Estudos e Pesquisas, cujas temáticas são Física Quântica e Espiritualidade apresenta muitos desafios a serem percorridos. Como inovar e para quê?
Qual o sentido para o desenvolvimento das temáticas? Que contribuições esse grupo compartilhará?
Quais os caminhos percorridos, o diálogo instaurado, a sintonia entre os participantes, a vontade de inovar e cooperar para o desenvolvimento de estudos e pesquisas na área pretendida? Que sentimentos serão aflorados quando o Grupo se deparar com os que não entendem e criticam a temática? Como o Grupo reagirá frente à Ciência cartesiana, que não aceita o novo pensar até mesmo da Ciência?
O diálogo é uma das palavras fundamentais na área da Interdisciplinaridade, ele ativa canais de entendimento e permite que as partes envolvidas possam, com ousadia, compartilhar conhecimento.
O diálogo interdisciplinar foi fundamental no sentido de integrar ações e debates de outras áreas de conhecimento científico, como a Física, as Ciências, a Metafísica, a Espiritualidade, a Filosofia da Educação, Psicologia e áreas ligadas à saúde dentre outras. Quando se escolhe um líder para formar um Grupo de Estudos e Pesquisa há de se pensar se ele realmente está preparado para essa missão de juntar pessoas e fundamentar as pesquisas que surgirão. Mesmo com total apoio, são necessários tempos para negociação. Quais as dificuldades para iniciar, como escolher a liderança?
O diálogo afinado desde o primeiro momento com os interessados, vontade de acertar, de avançar nas pesquisas.
Análise da história desse líder do seu envolvimento com a temática em suas pesquisas.
Ousadia, comprometimento e responsabilidades avaliados.
A construção interdisciplinar forma um conjunto de atitudes.
É a ousadia do compartilhar ideias e aceitar o que surge dos pesquisadores.
Pensar em siglas que expressem os objetivos do grupo também é fundamental, além da busca por uma imagem que represente a metáfora.
Reconhecer o local no seu movimento histórico e cultural também são fundamentais.
O FIQUE, nessa construção, pensou em uma palavra, que o representasse.
Envolvimento foi a escolhida.
Em seguida foi criada a arte para representá-la.
Essa mesma arte será o símbolo da EDUCAFOCO. Uma homenagem ao passado, a fim de valorizar aos que colaboraram com as pesquisas iniciadas e concretizadas no Centro Universitário Ítalo Brasileiro.
Início das atividades
Necessário iniciar e essa vontade não foi deixada em nenhum momento pelos envolvidos. A tarefa não seria nada fácil, para os pesquisadores da Interdisciplinaridade é assim, sabe-se como começar, mas não para que caminhos seguir, tudo será construído à medida que forem encontrando as dificuldades.
A princípio, poucos são os interessados. A maioria dos professores ficam esperando resultados. O líder precisa ser organizado e disciplinar. Agenda pronta, o próximo passo será o tempo da construção, do amadurecimento de todos os participantes. Registrar, em atas, as reflexões, os estudos dos teóricos para que todos possam usufruir dos conhecimentos. É um enorme incentivo aos que buscam complementar sua formação. O pesquisador interdisciplinar para que possa ter vida, movimento, efetivação, comprometimento, responsabilidade, organização e produção, precisa fazer o exercício de inscrever-se. Há os que pensam e guardam para si, aos que pensam, compartilham e fundamentam suas descobertas.
Fundar um grupo de estudos e pesquisas com olhar Interdisciplinar precisa ser afinado, porque haverá áreas diferentes do conhecimento envolvidas.
O líder precisa incentivar a pesquisa individual, colocar-se à disposição em ajudar a todos que possam sentir alguma dificuldade na linguagem escrita e na elaboração de artigos científicos. Acolher, apoiar para o livre pensar e construir. Questões surgem. De que maneira buscar o conhecimento?
Como as áreas específicas irão dialogar com a temática do Grupo? Como alimentar o desenvolvimento coletivo e o crescimento sustentável do Grupo?
As leituras individuais dariam conta desse processo? Os estudos no Grupo também seriam suficientes ou seria necessário pensar em convidados das áreas estudadas para fundamentar os estudos?
O assunto Espiritualidade1 era pouco divulgado na comunidade científica, por esse motivo, a líder sempre preferiu divulgar o resultado das reuniões em atas. A cada reunião semanal eram escritas e publicadas no portal da Instituição, bem como fotos de convidados, resumo de palestras, artigos etc.
A ousadia e a criatividade2 foram a marca do Grupo e por esse motivo a humildade deveria estar presente nas atitudes, não ferir suscetibilidades ao desafiar visões cartesianas.
1. Em muitos casos o termo é empregado de maneira equivocada tanto na perspectiva religiosa como teológica. Cumpre esclarecer que a perspectiva religiosa está contida em uma perspectiva mais ampla que é a teológica. Como muitas são as religiões, também diversificadas são as experiências neste campo. Sob outro olhar, a espiritualidade corresponde a uma das três dimensões que constituem o ser humano: a dimensão física ou material (nossa corporeidade instintiva), a dimensão psíquica ou cognitivo emocional (nossos pensamentos, sentimentos e valores) e a dimensão anímica ou espiritual que nos oportuniza a experiência da Eternidade a partir do aqui e do agora em que estamos inseridos. A espiritualidade corresponde a esta dimensão que busca a experiência daquilo que a transcende e dá sentido a questões existenciais do ser humano. À luz da Teologia, a espiritualidade é parte não apenas integrante do ser humano, mas sim constitutiva do nosso modo de ser, viver e interagirmos com o próximo. Alguém pode viver sua espiritualidade sem necessariamente estar vinculado a uma religião.
2. Materialistas e racionalistas veem a criatividade como um processo racional de tentativa e erro, consistente apenas no fazer. Se funcionar “bingo”. Se não se ajustarem à previsão inicial, volte a prancheta e idealize outra teoria experimental. Os espiritualistas enfatizam o “ser”.
O mundo do fazer é considerado ilusório. A física quântica integra as duas dimensões. Na física das possibilidades, quando ficamos sentados em silêncio sem fazer nada, as possibilidades proliferam. De vez em quando escolhemos uma dentre as possibilidades, que precipitam uma ação, no modo fazer até chegarmos descontinuamente à nossa percepção: a solução (Goswami, 2010, p.31).
O que é ousar na pesquisa? Quais desafios um Centro Universitário terá para desenvolver pesquisas na área da Física Quântica e Espiritualidade?
O que é Física Quântica? O que é Ciência?
Para desenvolver pesquisas nessas áreas, a ousadia já foi expressa, os desafios foram aceitos, o estímulo inovar e gerar conhecimentos.
Se o Centro Universitário já tem proposta educacional e respeito à pesquisa e se preocupa em desenvolver pesquisas voltadas à Filosofia, o diálogo tem um outro direcionamento. No caso específico os professores são estimulados a desenvolverem pontos fundamentais em sala de aula. É a Filosofia do buscar, ouvir, observar, enxergar, exemplificar, buscar, crer, amar. Esses estímulos levam seus professores a repensar sua própria posição frente à vida, mexe profundamente com a Espiritualidade de cada um, porque são alertados a se rever. Palavras como amor, sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, conhecimento e respeito são algumas que fazem parte desse reconhecimento individual.
Pesquisar Espiritualidade no Centro Universitário Ítalo Brasileiro permitiu que, principalmente seus educadores, repensassem toda a filosofia expressa pelos seus dirigentes. É a concretização de um sonho de servir como instrumento para transformar, de plantar conceitos que levem professores e alunos a ficarem mais próximos da felicidade e da realização pessoal. Ousar, essa é a palavra, não ficar preocupado com críticas, mas respeitar que cada um está em seu estágio de comprometimento com a Educação. Outro ponto importante é como conceituar Espiritualidade e buscar caminhos para pesquisa. Nas reuniões, a leitura de autores renomados foi o caminho, pensando em como aproveitar ao máximo o que se pesquisa, como escrever, que metodologias utilizar, o que é pesquisar?
Como incentivar alunos e professores ao campo da pesquisa, o que fazer com o que se pesquisa? Como iniciar? Como escrever artigos científicos?
A humildade do compartilhar foi o grande marco do início dos encontros. A Interdisciplinaridade promove desafios, a disciplinaridade é um de seus pontos fortes. A liderança pode com seu exercício, exemplificar a importância do domínio pleno das áreas de atuação de cada profissional antes de seguirem para a temática proposta. Incentivar o pesquisador a reescrever a se colocar, a refletir, resgatar a vontade de fazer perguntas, a buscar conceitos, a não ter medo do não saber, foram alguns pontos fundamentais para incentivar mais integrantes que foram surgindo para conhecer o que o Grupo desejava.
Atraídos pela temática ou curiosidade os iniciantes pesquisadores foram fundamentais para instaurar-se uma dinâmica precisa no Grupo, com responsabilidade, comprometimento, respeito e vontade de se tornarem pesquisadores respeitados. Tornaram-se também escritores das atas para serem refletidas no processo.
Segundo Varella o educador não pode viver apenas de pesquisas e teoria, ele necessita dela para ser uma sustentação de suas reflexões, é a prática reflexiva. De nada adianta ficar apenas em discussões teóricas, discursos vazios e evasivos. Goswami1 (2006, p. 16) afirma que, em nossa cultura, embora os avanços sejam enormes, muitas pessoas estão desiludidas com elas mesmas. Alguns educadores precisariam rever seus procedimentos, o conhecimento requer movimentos profundos de boa vontade e exercício do pensamento para acionar a vontade do querer mais. É um botão interno e depois de adquirido não se perde, não se distribui.
O que diferenciará o comportamento de cada um é como se veem diante deles mesmos. No ato de pesquisar a disciplinaridade é um ponto em comum. Domínio sobre as áreas de atuação é fundamental.
1. Amit Goswami: Físico quântico. Para ele a aplicação da nova ciência, baseada na primazia da consciência, integrará a ciência convencional, a espiritualidade e a cura.
Referências
GOSWAMI, Amit. Uma breve introdução ao ativismo quântico. São Paulo: Aleph, 2010.
JAPIASSU, Hilton. Eclipse das ciências humanas. São Paulo: Letras e Letras, 2005.
VARELLA, A.M.R.S. Interdisciplinaridade e pedagogia Ativa: aprendizado, inovação, renovação. São Paulo: Maxime, 2018.
Fragmentos de Atas do FIQUE
O FIQUE E SUAS ATAS
O FIQUE teve uma proposta desde o início registrar todos os pontos importantes discutidos, refletidos, para um dia poderem ser revistos. Se não houvesse esse pensamento, com certeza não estaríamos aqui revisitando o que vivenciamos.
Escolhemos aleatoriamente algumas atas e destacaremos fragmentos delas para dar de presente a você, leitor.
Ata 1
“Aos 18 dias do mês de fevereiro, às 14h… a líder Ana Maria fez uma apresentação sobre “. A importância do Professor pesquisador na academia”, deu ênfase para o que é grupo de pesquisa e o que faz seus pesquisadores. Dividiu sua apresentação em 3 momentos: o Professor pesquisador e a academia, o Professor pesquisador com sua própria pesquisa e como incentivar o aluno a ser um pesquisador. No ato de pesquisar a disciplinaridade é um ponto em comum. Domínio sobre as áreas de atuação é fundamental. A Interdisciplinaridade também foi um outro ponto abordado, iniciou-se o estudo sobre ela e sua aplicação no dia a dia. A Professora também incluiu a importância das parcerias internas e externas com outros grupos de pesquisa {…}. A líder alertou sobre a atualização constante do currículo Lattes. O Professor Marcos, Reitor do Centro Universitário, comprometeu-se em divulgar para os Professores a importância do Professor pesquisador e prometeu verificar o andamento dessa solicitação e aprovou parcerias com outras universidades e grupos. Aprovou também o intercâmbio com grupos de pesquisa externos…”
Ata 2
“Aos 25 dias do mês de fevereiro, às 14h… A líder pôs em pauta o estudo da leitura. Segundo ela, ler é aproximar o dito ao que ficou por dizer, ao que ficou por pensar e do que ficou por perguntar. Ler é recolher-se na indeterminação do dizer e que este não se acabe e nem se determine. A ação do ler extrapola o texto e abre para infinitas possibilidades. Aprender pela leitura, não é a transmissão do que existe para saber, pensar, responder, dizer ou fazer. É a co-(i)mplicação cúmplice no aprender do comum. Comum é a oportunidade que se tem de pensar, perguntar e dizer de diferentes maneiras. A Professora desenvolveu algumas estratégias facilitadoras, alguns as chamam de técnicas de instrumentalização da língua. Primeiramente a prática atinge textos menores, ler o texto sem preocupar-se com o vocabulário, é o que ela denominou de leitura de reconhecimento do texto. Depois ler quantas vezes for necessário e sublinhar a ideia mais importante do parágrafo ou dos blocos de parágrafos. Destacar a ideia central do texto, qual é o assunto determinante apresentado e se possível já escrevê-lo em parágrafo. Em seguida, se possível escrever também as ideias importantes encontradas durante a leitura do texto. Por último, elaborar a paráfrase do texto ou resenha informativa, com as próprias palavras, mas com respeito às ideias do autor. Começa aí o compartilhamento entre leitor e autor, é a coparceira fundamental para os que estão no processo de leitura de um texto…”
Ata 3
“Aos 18 dias do mês de março…o assunto foi a interdisciplinaridade. Segundo Fazenda, quem não escreve não se inscreve, portanto, os pesquisadores, além de escrever muito estão a cada dia mais criativos e motivados. Esse é um caminho também para o desenvolvimento da Espiritualidade. Goswami (2010, p.172) destaca que a criatividade é o alimento da alma. Afirma também que qualquer um pode ser criativo, qualquer um pode transformar, mas é difícil ser motivado. Segundo ele devemos começar pequenos, com muita paciência, porque os que podem perceber o ponto da nova Ciência, que mudem rapidamente sua visão de mundo. Criatividade, motivação, elaboração da linguagem, transformação são alguns dos objetivos da líder em acionar os canais de comunicação de todos os pesquisadores, convidados, participantes, levá-los ao enriquecimento individual, para que possam inovar e terem prazer de estar em sala de aula, ativando a criatividade de seus alunos. A líder esclareceu que todos farão a ata em parceria com ela… “
Ata 4
Presença do convidado João Dias de Toledo Arruda Neto
Resumo do texto “FÍSICA QUÂNTICA PARA PEDESTRES”. “Segundo o professor uma lei Física é estabelecida a partir de uma pletora de resultados experimentais, de alta precisão e “sempre” reprodutíveis, mesmo séculos após a primeira formulação dessa lei, como por exemplo, a “Lei de Gravitação Universal” de Sir Isaac Newton. As leis de Newton da Mecânica Clássica foram desenvolvidas para descrever o “muito grande” (sistemas planetários e galáxias), enquanto a Relatividade Especial de Albert Einstein tratava do “muito rápido” (velocidade da luz), contendo a Mecânica Clássica como um caso particular. A Física Quântica é a Física do “muito pequeno”, também englobando a Mecânica Clássica como um caso particular de sua formulação. Mais especificamente, os “efeitos quânticos” vão gradativamente sendo atenuados à medida que as dimensões do sistema aumentam – por exemplo, praticamente inexistem no tecido vivo. Os “efeitos quânticos” manifestam-se em sua plenitude na escala sub nanoscópica – átomos e seus núcleos (prótons, nêutrons, mésons e bósons). Os efeitos conhecidos por coerência, tunelamento e não-localidade são os prevalentes no assembling (montagem) da matéria viva (moléculas, células e seus constituintes). A descrição exata desses três efeitos quânticos, enquanto trivial para os Físicos envolvidos em pesquisa nas áreas nuclear e atômica, é muito complexa para aqueles atuando em outras áreas do conhecimento”. Autoria das atas apresentadas em fragmentos:
Ana Maria Ramos Sanchez Varella e Jerley Pereira da Silva.
Muitos foram os convidados e pesquisadores do FIQUE, entre eles:
Ana Maria R. S.Varella; Débora Regina B. Luisi; Denize Marroni; Elisabete Jabardo; Gazy Andraus; Jerley P.da Silva; Marciah Regina V. P. Grasso; Marcos Antonio G. Cascino; Maria Ester C. Alonso; Melina Aparecida Ferreira; Pablo Padilha; Paula Arquioli Adriani; Rosana Sbano R.Pitta; Roseli Teresa S. Leme; Roseli Teresa S. Leme; Ruy Cezar do Espírito Santo e Sergio Ayama.
“Entre os vãos da realidade” ou…
…a espiritualidade quântica na arte sequencial
dos quadrinhos.
Gazy Andraus
http://lattes.cnpq.br/0256950026952623
Condensando-se…
A realidade quântica e a ciência cognitiva atual para uma nova visão de paradigma (no caso, as Histórias em Quadrinhos ou HQ) como objetos inerentes de explicação e complementação da completude para uma inteligência sistêmica do ser humano. Com referenciais aos quadrinhos, mas também às ciências cognitiva e quântica este ensaio sintetiza o mote do título.
Micro-macro espargimento…
Há uma realidade que subjaz ao cotidiano, e em que na verdade, o sustenta e lhe permite existir. Essa outra realidade é microcósmica e se coloca como quântica, devido aos estudos atuais da ciência. Esta mesma ciência que deslindou os quanta tornou possível, graças a esse conhecimento, desenvolver melhor os estudos científicos relativos à cognição, percebendo melhor as funções do cérebro e da mente (ANDRAUS, 2006). Com isso, a cisão cartesiana reducionista, principalmente no que concerne à ciência e arte, começou a ruir com o afloramento de uma percepção diferenciada da realidade, em que tanto uma como outra não podem faltar: ciência e arte são unidas, como os hemisférios cerebrais esquerdo (racional) e direito (criativo). As histórias em quadrinhos fazem parte dessa realidade artístico/comunicacional/científica, e imprescindíveis ontologicamente, pois acompanham o processo cultural humano desde seus primórdios, impulsionadas pelas tecnologias que possibilitaram a sua reprodução. E graças à tomografia computadorizada, já se sabe que as imagens são lidas como informação imagética mais pelo hemisfério direito do cérebro, enquanto os fonemas pelo esquerdo. O ensino tradicional, porém, se apoia na física clássica, linear e fragmentada, vulga objetiva, com base na informação escrita científica, estimulando, portanto, o hemisfério esquerdo, em detrimento ao direito, tido como subjetivo, ignorando as informações intersubjetivas, como os desenhos.
Fritjof Capra já havia contestado a objetividade de tal premissa e do ser humano (CAPRA, 1990).
Os quadrinhos – uma arte que atualmente é reconhecida (ANDRAUS, 2020) – nasceram com o olhar, e residem primevos em nossa bandas desenhadas (Portugal), os fumetti (Itália), comics (EUA) mangás (Japão), sendo todos a mesma e única coisa, com vários nomes, mas vêm de uma mesma origem, sendo a primeira das manifestações, pois que ao desejarmos, criamos, e assim grafamos sinais (mental e/ou registrando fisicamente) elaborando os desenhos simplificados, as escritas, para expressar uma manifestação comunicacional complexa. (ANDRAUS, dez. 2020, p. 15)
Considerando tais pressupostos, demonstra-se aqui a importância e necessidade ontológica das histórias em quadrinhos (HQ) como uma linguagem de expressão informacional, uma narrativa artística sequenciada (McCloud, 1995) que pode auxiliar nesta mudança paradigmática, principalmente ao serem apresentados tais referenciais teóricos que auxiliam na corroboração da veracidade e autenticidade do valor comunicacional, cultural e educacional da linguagem quadrinhística. Isto se torna factível, pois demonstra-se aqui como os quadrinhos podem servir de auxílio diferenciado e sistêmico na educação, em especial, universitária, para um novo paradigma em que emergem novos conceitos imbricados entre teorias ocidentais com ramificações filosóficas orientais, como os koans zen-budistas, que primam por construções racionais de frases-enigmas que devem ser respondidas com um “salto” intuitivo da mente (ANDRAUS, 1999).
As áreas das artes, como os poemas hai-kais e as HQs poéticas condensadas servem a esse propósito, visto suas estruturas que incentivam áreas cerebrais do hemisfério direito (canal que coliga quanticamente a inteligência humana ao conhecimento cósmico), sendo por isso importantes para o desenvolvimento sistêmico do homem e sua vida na Terra, pois tais quadrinhos fazem a mente “saltar” (como os vãos entre os quadrinhos que separam as sequências), ao serem lidos/vistos, já que as estruturas narrativas deles se distinguem das com roteiro padrão linear (figs. 1 e 2).
Figs. 1 e 2: HQ poética de G. Andraus. Fonte: do autor.
A realidade quântica é fato e as histórias em quadrinhos, por possuírem imagens sequenciadas juntas em uma mesma área permitem que os olhos do leitor analisem a página, com o foco principal se estabilizando em determinado quadrinho enquanto a visão periférica varre os outros quadros (anteriores e posteriores) de forma subliminar.
A diagramação de uma história em quadrinhos, então, é quântica tal qual um elétron, que pode se portar como onda ou corpúsculo, e sua posição é probabilística, nunca exata. Irá depender do momentum eleito pelo pesquisador, que usa sua mente para a escolha: o objetivo deflagrado pelo subjetivo.
Nas histórias em quadrinhos cada cena, cada quadrinho é “parte” de um todo, de um sistema, mas que, não estando desenhado, pede ao leitor para completá-lo mental e intuitivamente, sem que ele mesmo possa ter plena consciência disso, como na gestalt (ANDRAUS, 1999)! Enquanto o olhar do leitor focaliza determinada cena, as outras (anteriores e posteriores à leitura), estão sendo visualizadas de forma menos nítida. Porém, seu cérebro abarca todos os detalhes, numa visualização sistêmica, em que o subliminar informa também. De certa maneira, o leitor visualiza na página, passado, presente e futuro, ao mesmo tempo (figs. 3 e 4).
Fig. 3: Página de uma HQ enquanto pode ser lida ao mesmo tempo. Fonte: CLAREMONT, Chris; BYRNE, John. “Demônio”. X-Men. In Superaventuras Marvel. 42, p. 23. São Paulo: Abril, 08/12/1985.
Cada quadrinho é como uma micropartícula atômica: um elétron, nêutron ou próton. O “pesquisador” é o leitor, que elege o momentum para decidir se a partícula “aparecerá” ou não. A que for eleita, de uma possibilidade existencial, aflora como corpúsculo, inundando de informação pan-imagética a mente dual (esquerda/direita) do leitor.
Mas se os olhos do “pesquisador” resolverem se afastar da cena eleita e abarcar a página inteira, a “partícula”, a cena, se torna não mais material e sim uma probabilidade ondulatória, junto das demais, espargindo-se em energia quântica. A mente do leitor-pesquisador irá, então, abarcar a possibilidade ampliada, sistêmica.
Então, quando o olhar se dirige ao objeto (no caso, um quadrinho dentre os outros da página), é como se houvesse apenas aquele “objeto”, dentre as possibilidades múltiplas.
Analogia similar retrata o filme Quem somos nós (2004). Um garoto dentro da quadra de basquete explica as possibilidades infinitas, defendidas pela física quântica. Em um primeiro instante, enquanto a fotógrafa que conversa com ele observa o interior da quadra, ela vê uma bola (um corpúsculo, uma possibilidade materializada). Mas, ao redirecionar seu olhar para fora, a cena mostra inúmeras bolas, como possibilidades realizáveis (fig.s 4 e 5). A analogia explica a situação das micropartículas, e como se portam, bem como a situação relacional com o pesquisador e sua mente.
Assim, um quadrinho é como a partícula, como a bola de basquete: quando o leitor direciona o olhar, ele a focaliza. Mas, quando ele se afasta, vê outras bolas, outras possibilidades, como outros quadrinhos, que em uníssono, formam um todo complexo, plausível e realizável. Talvez toda essa epopeia humana e suas artes expressadas (coadunadas à física dos quanta) possa estar atrelada a uma ampliação mental/visual atinente à vida humana, em relação direta ao que se poderia talvez chamar de espiritualidade quântica, conforme alude o físico Amit Goswami! Tudo que o humano cria em sua existência pode, então, ter um objetivo implícito nesta valoração da matéria (partícula) a que se aperceba de uma outra contraparte em sua existência (a energia).
E ambas, matéria e energia, respectivamente seriam corpúsculo e onda, e a vida existencial corpórea na Terra seria o equivalente à partícula presencial humana em que, ao morrer, se reconduzisse como uma possibilidade quântica de onda, que seria a alma do ser humano quando este “morre”, conforme esclareceu Goswami (2005).
Cada quadrinho é como uma micropartícula atômica: um elétron, nêutron ou próton. O “pesquisador” é o leitor, que elege o momentum para decidir se a partícula “aparecerá” ou não. A que for eleita, de uma possibilidade existencial, aflora como corpúsculo, inundando de informação pan-imagética a mente dual (esquerda/direita) do leitor. Mas se os olhos do “pesquisador” resolverem se afastar da cena eleita e abarcar a página inteira, a “partícula”, a cena, se torna não mais material e sim uma probabilidade ondulatória, junto das demais, espargindo-se em energia quântica. A mente do leitor-pesquisador irá, então, abarcar a possibilidade ampliada, sistêmica. Então, quando o olhar se dirige ao objeto (no caso, um quadrinho dentre os outros da página), é como se houvesse apenas aquele “objeto”, dentre as possibilidades múltiplas. Analogia similar retrata o filme Quem somos nós (2004). Um garoto dentro da quadra de basquete explica as possibilidades infinitas, defendidas pela física quântica. Em um primeiro instante, enquanto a fotógrafa que conversa com ele observa o interior da quadra, ela vê uma bola (um corpúsculo, uma possibilidade materializada). Mas, ao redirecionar seu olhar para fora, a cena mostra inúmeras bolas, como possibilidades realizáveis (fig.s 4 e 5).
A analogia explica a situação das micropartículas, e como se portam, bem como a situação relacional com o pesquisador e sua mente. Assim, um quadrinho é como a partícula, como a bola de basquete: quando o leitor direciona o olhar, ele a focaliza. Mas, quando ele se afasta, vê outras bolas, outras possibilidades, como outros quadrinhos, que em uníssono, formam um todo complexo, plausível e realizável. Talvez toda essa epopeia humana e suas artes expressadas (coadunadas à física dos quanta) possa estar atrelada a uma ampliação mental/visual atinente à vida humana, em relação direta ao que poderia talvez chamar de espiritualidade quântica, conforme alude o físico Amit Goswami! Tudo que o humano cria em sua existência pode, então, ter um objetivo implícito nesta valoração da matéria (partícula) a que se aperceba de uma outra contraparte em sua existência (a energia).
E ambas, matéria e energia, respectivamente seriam corpúsculo e onda, e a vida existencial corpórea na Terra seria o equivalente à partícula presencial humana em que, ao morrer, se reconduzisse como uma possibilidade quântica de onda, que seria a alma do ser humano quando este “morre”, conforme esclareceu Goswami (2005).
Figs. 4 e 5: cenas do filme “Quem somos nós”. Fonte: QUEM somos nós, 2004.
Condensação, a-final!
Este ensaio tenta, com tais pressupostos e referenciais, demonstrar que nas histórias em quadrinhos (HQs) há uma espécie de subgênero, que seriam as HQs poéticas, e que estas, em seus “vãos” entre os quadrinhos, metaforizam a realidade existencial quântica reacendendo no leitor uma reflexão fantástico-filosófica imagética auxiliando a que sua mente dê “saltos”, tal qual uma micropartícula que, a depender do sujeito-pesquisador, pode se condensar em matéria, ou espargir-se em possibilidades na existência…e o leitor, ao ler/ver os quadrinhos sequenciados e as páginas, também pode ter sua imaginação dando tais “saltos” ao criar mentalmente as cenas não desenhadas da HQ, mas que pululam como onda a pairar materialmente nas que foram desenhadas nas páginas, conforme a mente do autor da história elegera a que se concretizassem os desenhos! Ao mesmo tempo, toda esta possibilidade se encerra numa metáfora da própria existência, em que a possibilidade da existência humana se encerra material e ondulatoriamente, “Entre os vãos da realidade” ou…
…a espiritualidade quântica na arte sequencial dos quadrinhos.
Referenciais que pululam
ANDRAUS, Gazy. As Histórias em quadrinhos como informação imagética integrada ao ensino universitário. Tese de doutorado. USP: São Paulo, 2006. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27154/tde-13112008-182154/pt-br.php Acesso em 05/03/2009.
ANDRAUS, Gazy. Existe o quadrinho no vazio entre dois quadrinhos? (ou: O Koan nas Histórias em Quadrinhos Autorais Adultas). São Paulo: UNESP, 1999. Disponível em: http://www.guiadosquadrinhos.com/monografiaview.aspx?cod_mono=15/> Acesso em 05/03/2009.
ANDRAUS, Gazy. O Estatuto das Belas-Artes nos quadrinhos. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2020.
ANDRAUS, Gazy. O Olhar Quadrinhístico. Revista acadêmica eletrônica Imaginário!, publicação do Grupo de Pesquisa em Humor, Quadrinhos e Games (GPHQG) do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Paraíba. UFPB, João Pessoa: Marca de Fantasia, N. 19. dezembro/2020. p. 08-24. ISSN 2237-6933. Acesso em: http://bit.ly/imaginario19
CAPRA, Fritjof. O Tao da física. Um Paralelo entre a Física Moderna e o
Misticismo Oriental. São Paulo: Cultrix, 1990.GOSWAMI, Amit. A física da alma. São Paulo: Aleph, 2005.
McCloud, Scott. Desvendando os quadrinhos. São Paulo: Makron Books, 1995.
QUEM somos nós. ARNTZ, William; CHASSE, Betsy. EUA, Playarte Home Vídeo, 2004.
Consciência da Postura Interdisciplinar – Um Caminho para o Autoconhecimento.
Ruy Cezar do Espírito Santo
http://lattes.cnpq.br/7857468452892458
Trago aqui a vocês aquilo que sinto que é o âmago do processo do autoconhecimento: a percepção da Beleza, da Alegria e do Amor (muito do aqui constante já consta de alguns capítulos do livro “O Autoconhecimento na Formação do Educador”, porém quis acentuar a questão da importância, não só da beleza, mas do autoconhecimento como parte indispensável de seu “surgimento”)
Beleza, Alegria e Amor…
O grande mistério de nossa existência percorre o Caminho dessa “trilha”…
Sim, a Vida a nossa volta é marcada por profunda beleza oriunda do próprio Universo e da Natureza a nossa volta… Se não a poluímos há uma fantástica beleza desde a asa de uma borboleta até a fragrância de uma rosa… São tantos os insetos com incríveis detalhes e cores e mais ainda a pluralidade de flores… Assim vivemos imersos num infindo Universo pleno de astros e estrelas que nos aparecem à noite, especialmente, como também diante de um fantástico oceano e imensas florestas… Enfim, a Vida à nossa volta é de uma beleza inacreditável, que tantas vezes nos escapa, “por termos olhos e não vermos”… Não é só a beleza visual…
Há também aquela que ouvimos: pássaros cantando, cascatas soltando suas águas, ondas do mar a se derramar… Há também a beleza do toque com as mãos: troncos de árvores, pelo de animais, areia de uma praia e assim vai…
O Ser Humano já nasceu imerso nesse universo de beleza e, sincronisticamente pode também produzir beleza: pintura de quadros, como uma “Monalisa”… Sinfonias com as de Mozart… Danças incríveis como as geradas no Bolshoi, dentre outros, poemas e histórias e assim vamos vivendo como artistas, músicos, dançarinos e tantas outras manifestações de beleza, como nas artes manuais, como as de Michelangelo…
Cada criança em suas aulas é estimulada, e deveriam ainda ser mais, a criar tais belezas… Quando mergulhamos profundamente numa das belezas acima referidas surge um segundo mistério presente ao ser humano que é a alegria! Tal alegria quando “aprofundada” nos conduz a “alegria de estar vivo”…
O poder vivenciar a beleza que nos envolve! Quando começamos a nos indagar qual a origem de tal beleza e desta alegria daí resultante vamos encontrar no “mais dentro” a energia do Amor! Sim, há um mistério de Amor que gerou a Vida em nosso entorno para desfrutarmos a beleza e a alegria… Sim, flores, músicas, animais, estrelas, mares e rios nos envolvem misteriosamente e nos conduzem a fundamental pergunta: de onde vieram? Quem desenhou o contorno das asas de uma borboleta? Ou gerou uma Via Láctea?
Porque o Ser Humano é o único ser vivo conhecido capaz de fazer música, desenhar, de fazer uma poesia ou dar uma aula? Surge então a terceira parte do mistério existencial, como acima referido: o Amor… Não é, por acaso, que a Tradição Cristã, nos diz que “Deus é Amor”…
E ainda que o “Ser Humano é “Sua Imagem e Semelhança”… Ou seja, o “Mistério” da existência que podemos denominar como sendo “Deus” nos é apresentado como sendo “Amor”, que seria a fonte de toda a beleza surgida à nossa volta e nós, como portadores de parte de tal mistério, também podemos criar tal beleza geradora da alegria… A grande indagação é: porque se assim se apresenta a realidade há tanta poluição, destruição, fome, miséria e guerras infindáveis?
A resposta que me vem diz respeito a outro mistério: de todos os seres vivos existentes somente o Ser Humano não nasce “pronto”… Ele precisa ser educado… Ele traz no mais dentro de si mesmo o desafio da “liberdade”… Nenhum coelho poderá ser “outra coisa”, porém, um Ser Humano irá buscar seu Caminho…
Este o ponto de partida de nossa existência e notemos que ao apontarmos para a metáfora do “Amor”, como sendo nossa “essência”, vamos verificar que a vivência do “Amor” somente é possível com a “presença” da Liberdade!
Sim, um pai pode exigir do filho obediência ou respeito, porém “Amor” é impossível…
Assim, Beleza, Alegria e Amor significam o ponto de partida para o “princípio de toda a sabedoria”, que é o famoso “conhece-te a ti mesmo” trazido por Sócrates há mais de dois mil anos.
Trago toda esta reflexão para alertar aos Educadores o ponto de partida de todo o trabalho a ser realizado nas Escolas, qual seja, despertar nos seus alunos a capacidade de realizar a Beleza aqui referida, presente em todo o Universo, e potencialmente no “mais dentro de cada um de nós”.
Como “educar” é “tirar de dentro”, caberá aos Educadores “tirar” tal beleza de cada aluno… Em outras palavras trazer de forma abrangente a Arte para a sala de aula.
Num segundo momento conduzir seus alunos sentirem a Alegria de estarem vivos por participarem do mistério da existência…
Finalmente fazê-los vivenciarem o Amor, que os conduzirá a querer “cuidar da Natureza” e do “Outro”, seja seu companheiro de classe, seja, de forma muito especial daqueles, que por força da ignorância ainda presente no planeta, os conduzem a situações de extrema miséria e sofrimento… Mostrar-lhes que com a ampliação do nível de consciência da humanidade estamos, especialmente a partir do século passado assistindo ao surgimento de tantas Organizações Não Governamentais, como Médicos Sem Fronteiras ou Anistia Internacional.
Trata-se do “despertar” de uma consciência ecológica, para cuidar do planeta poluído pelas gerações passadas, ainda sem a consciência que hoje trazemos, ou ainda “cuidar”, como dito acima, daquelas vítimas da mesma inconsciência presente a nosso passado histórico.
Fica aqui um convite para que nos “mudemos” para a “eternidade do agora” a fim de vivermos a cada instante toda a beleza, a alegria e o amor possíveis. É preciso que a gestão de uma Escola se conscientize das medidas que devem ser tomadas para que a Educação possa trazer aos alunos a percepção profunda do sentido da Vida, com a vivência da Beleza, da Alegria e do Amor.
Seguramente será o despertar da relevância da interdisciplinaridade em qualquer curso trabalhado.
O que falar de Ruy Cesar do Espírito Santo?
Mestre dos Mestres?
Querido amigo?
Sábio?
Sensível?
Protetor?
Com humor?
Filósofo?
Autor?
Poeta?
Para quem tem a oportunidade de ouvir suas explanações é muito mais do que tudo o que foi mencionado. Um Ser humano com potencialidades raras para uma vivência real.
Ruy é SER HUMANO, é a criança que se descobriu mais velho, mas não apagou a chama do querer transformar!
Compreende o mundo onde está, sabe acolher, serenar, iluminar, entusiasmar, dialogar, não se deixou contaminar pelas anormalidades da vida.
Não tem medo de demonstrar emoções, não segura as lágrimas e brinca com os nomes dos amigos, na criação de uma definição própria, descoberta em detalhes de personalidade de cada um.
Abraça seus amigos, seus alunos, abraça a vida.
Prof. Dr. Ruy Cezar do Espírito Santo
É possível pensar em Gestão Educacional sem a Interdisciplinaridade?
Jerley Pereira da Silva
http://lattes.cnpq.br/1012314103423287
Segundo Fazenda (2011, p. 20) a Interdisciplinaridade é uma questão que vem sendo fortemente debatida em educação na maioria dos países ocidentais, tanto no que se refere à organização profunda dos currículos, quanto na forma como se aprende e na formação de educadores. Para se pensar em Interdisciplinaridade, é necessário, como afirma Fazenda, uma profunda imersão no trabalho prático cotidiano, ou seja, realizar ações, que poderão gerar ambiguidades, metamorfoses e incertezas.
A Interdisciplinaridade exige de seu pesquisador um processo de clarificação conceitual que requer muito amadurecimento intelectual e prático, uma aquisição no processo reflexivo, que vai além do simples nível de abstração, mas requer uma devida utilização de metáforas e sensibilizações.
Fazenda (2011, p. 21) nos leva a refletir em duas linhas de raciocínio na definição de Interdisciplinaridade, a primeira se a definirmos como junção de disciplinas, cabe pensar currículo apenas na formatação da matriz curricular. A segunda como atitude de ousadia e busca frente ao conhecimento, o qual envolve a cultura do lugar onde se formam professores.
Na Interdisciplinaridade surge a possibilidade de explicitação de seu aspecto epistemológico e praxeológico. Somente então, torna-se possível falar sobre o professor e sua formação e dessa forma no que se refere a disciplinas e currículos.
O estudo sobre a Interdisciplinaridade, para um pesquisador novato é um encantamento, uma novidade, uma surpresa, traz uma sensação de transcendência.
“Fiz parte do FIQUE, aprendi muito sobre Interdisciplinaridade, o que me permitiu ousar fundar, em 2020, o Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação e Saberes Interdisciplinares – GEPESI. ”
Estou na tentativa de poder unir minha função de Gestor às categorias da Interdisciplinaridade. Para Japiassu, a pedagogia das disciplinas científicas no sistema de ensino já era o grande problema a ser resolvido. Destacou a Interdisciplinaridade como um caminho para que educadores e educando pudessem discutir as verdades científicas.
Japiassu (2011, p. 33) afirmou que o conhecimento nasce da dúvida e se alimenta da incerteza, por isso já nos convidava a pensar sem aceitar verdades acabadas e absolutas. Para Japiassu (2011, p. 32), na vida intelectual temos que aceitar os nossos limites do conhecimento e a Interdisciplinaridade dá um passo além para o processo de libertação.
O autor é contrário à estagnação da mente e não concorda que o ensino tente colocar nos alunos a expectativa de fornecer conhecimento.
A ciência, segundo ele, é um produto social como outro qualquer e nele há dominação, é o estudo crítico de como se produz o conhecimento da realidade e cientificidade desse conhecimento. Para o autor, os alunos devem ter liberdade do pensar e a pedagogia da incerteza, a Interdisciplinaridade, tenta desdogmatizar o ensino.
O mais importante para o autor é que os alunos precisam ser personalidades criativas e sair da sombra dos professores. É maravilhoso pensar que Japiassu já antevia tudo o que acontece hoje. Professores estimulados, desestimulados, criativos, acomodados e me surpreendo quando os alunos desejam que tudo fique como estava.
Também querem ficar acomodados, querem tudo pronto, se possível sem precisarem escrever nada. Quando surge algum professor com atitude diferenciada, criativo, logo gritam, revoltam-se, querem substituí-lo. Esse é o meu dia a dia gerenciar esses impasses e acreditar nas mudanças de ambos.
Para Japiassu (2011, p. 34), a pedagogia da certeza está ligada ao mito do saber objetivo e o autor cita uma declaração de Brecht que afirma que quanto mais extrairmos coisas da natureza mais caímos na insegurança da existência que são elas que nos domina.
Se quisermos aproveitar, enquanto homens, de nosso conhecimento da natureza, precisaremos acrescentar o nosso conhecimento, o da natureza humana.
Japiassu também deu destaque para dois caminhos para essa transformação, para um novo repensar na educação: a ciência crítica, que revê as práticas científicas em seu real contexto sociopolítico e cultural e a Interdisciplinaridade, que segundo ele, consiste em trabalho de interação das disciplinas científicas, de seus conceitos e diretrizes para a organização do ensino. Para o autor, o ensino nas universidades é muito reduzido, leva as pessoas à cegueira intelectual, ele considera este processo o esmigalhamento do conhecimento que resultará em inteligências esfaceladas.
Para Japiassu (2011, p. 39) é a questão interdisciplinar, ao lado da postura crítica que ajudam a refazer cabeças, pois não somos seres prontos. O autor já pensava em despertar, provocar, levar a descobrir e criar e não deixar que as pessoas ficassem no papel de disciplinadores. Em seu prefácio antigo, porém atual, apresentou a obra de Fazenda como um remédio à perversão da cultura e da inteligência atuais, além disso, um remédio para a decadência e alienação dos cientistas, a autora, para ele, poderia ser analisada por alguns como otimista, mas ele destaca qualidades preementes em Fazenda: alguém que faz, que se engaja, que modifica. Japiassu nos chamou para a consciência em uma ação direta para tentar dominar os conhecimentos científicos e ajudar os pedagogos a mudar o mundo, ele já falava nessa época de transformação por dentro e por fora, a fim de poder mudar o mundo do saber. Em meu trabalho atual, como Gestor Educacional, tenho muito a aprender.
Fazenda me apontou um caminho de excelência, parar um pouco para me rever. A Interdisciplinaridade tem me ajudado a pensar em meu desenvolvimento pessoal e profissional. Estou muito no início destes estudos, para aceitar um novo proceder, permitir sair do meu lugar, assim como os autores Japiassu, Fazenda e Gusdorf fizeram.
Quantas leituras fizer, ainda assim não estarei pronto para fazer uma única análise de todo esse contexto. Preciso, como afirma Fazenda (2011, p. 21) fazer uma imersão profunda no trabalho cotidiano, na prática.
Preciso aprender muito, mas já estou fazendo movimentos para isso. Varella (2011, p. 13), explicita que Fazenda ao apresentar a Interdisciplinaridade como categoria de ação nos mostra algumas atitudes fundamentais para esse processo, entre elas a espera, reciprocidade, diálogo com pares idênticos, anônimos ou consigo mesmo, atitude de humildade ante a limitação do próprio saber, perplexidade ante a possibilidade, atitude de desafio de conhecer, de envolvimento e comprometimento, responsabilidade, alegria, revelação, encontro, vida. Segundo Varella (2011, p. 14), a humildade do educador permite enxergar que ele é apenas o estímulo da autopoiese de seus alunos. A busca do criar é uma circunstância para o aprendizado. Se os Professores tiverem a certeza de que as condições precárias do ensino não irão prejudicar o andamento de suas aulas, eles conseguirão retirar de si o melhor de criatividade e estratégias para ajudar o outro a aprender, assimilar, ter prazer em estar dentro de uma sala de aula. Para Fazenda (1991) a troca com outros saberes e a saída do anonimato, ser cautelosos, exige paciência e espera. Para Varella, uma Educação transformadora exige uma vida transformada, revista, recomposta, construída, reavaliada, mas acima de tudo com uma volta profunda aos valores esquecidos, apagados, é o resgate de gentilezas, de cuidados, de reconhecimentos.
Para que haja transformação será necessário que as pessoas se movimentem e queiram ter autonomia para chegar a uma transformação. Ela virá dos que estão responsáveis por cuidar, sejam pais, professores, Gestores, Instituição. Não há culpados, há os que precisam-se conscientizar para valorizar, há os que precisam- se rever, ter cuidados consigo e com o outro. Deixar de fazer, sem pensar, esquecer um pouco o que são apenas retornos momentâneos.
Será necessário que o professor tenha um tempo para que a sua essência seja revelada, que ele possa ter condições de se olhar, de se reconhecer, para que o compartilhar seja rodeado de respeito, de sintonia, de amorosidade.
Somente a partir dessa vontade individual de quem quer educar, processar-se-á a vontade do aprender, do reaprender, para que todos possam ser revelados e se revelar…a partir desse momento é a grande chance de pensar que do ser ao fazer se completa a fase de um caminho transformador para a humanidade.
Ao exercer minha função de Gestor educacional fica para mim mais um questionamento, o que posso fazer para colaborar no desenvolvimento desta sociedade em que vivemos? A Gestão Educacional é um processo político-administrativo contextualizado e historicamente situado.
A prática social da Educação é organizada, orientada e viabilizada. Há uma ligação muito forte entre as Gestões de sistemas de ensino e as políticas de Educação. A Gestão transforma metas e objetivos educacionais em ação, o que concretiza as direções traçadas pelas políticas. Segundo Bordignon e Gracindo (apud HORA 2010, p. 567) a Gestão Educacional requer enfoques de melhores decisões a respeito dos rumos a seguir e se fundamenta na finalidade da Instituição e em seus limites da situação atual. É necessário visualizar presente e futuro com identificação de valores, surpresas, incertezas e as ações de todos envolvidos, o que gerará participação, corresponsabilidade e compromisso. O diálogo é a marca de todo o processo e por ser ele também uma das categorias fundamentais da Interdisciplinaridade, sinto ter nesse momento uma linha muito determinante entre ela e a Gestão Educacional.
Referências
FAZENDA, Ivani Catarina. Integração e interdisciplinaridade no ensino brasileiro. São Paulo: Cortez, 2011.
_______. A pesquisa em educação e as transformações do conhecimento. Campinas: Papirus, 2003.
_______. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus, 2001.
VARELLA, Ana Maria Ramos Sanchez; VALÉRIO, Rosângela. Interdisciplinaridade. São Paulo: Fundação Casa, 2010.
VARELLA, Ana Maria Ramos Sanchez. A comunicação Interdisciplinar na Educação. São Paulo: Escuta, 2006.
__________. Fragmento do texto inédito apresentado pela autora no Encontro de Pesquisadores- Setembro 2012- PUC. 112 Interdisciplinaridade, São Paulo, v.1, n. 2, out. 2012.
A Revista EDUCAFOCO publica trabalhos inéditos e originais na área da Educação, pesquisa e formação continuada.
Por decisão do Conselho Editorial, podem ser publicados blocos temáticos em seus volumes. A Revista é organizada em sessões de Demanda Contínua, Resenha e Entrevista.
A publicação de um artigo implica na cessão integral dos direitos autorais. Não é cobrada taxa para submissão nem publicação de artigos. Se o autor desejar escrever em outra língua, a tradução será de inteira responsabilidade do autor.
O processo de submissão e avaliação de artigos encaminhados à Revista é recebido pelo Sistema Eletrônico de Editoração da Revista.
A Revista EDUCAFOCO possui modelos para o envio dos arquivos, os quais serão divulgados nos próximos números.
A partir de janeiro de 2021, só serão avaliados artigos que estejam com o ORCID dos autores/coautores.
A criatividade tem um significado muito importante em nosso autodesenvolvimento e evolução.
O ativismo quântico nos incentiva a compreender a natureza quântica da criatividade para praticá-la com consciência. Precisamos valorizar todo esse processo nas artes, nas humanidades, nas Ciências.
Quando nos sentimos inspirados a colocar a criatividade no centro de nossa vida e sincronizá-la com o movimento vital, com o movimento evolucionário da consciência, estamos prontos para transformar nossas emoções.
A prática do amor incondicional pode ser um caminho.
Cada um de nós tem um modo único de vivenciar e transmitir o que há de melhor em nós, inclusive o amor.
Ao vivenciar um caminho de criatividade teremos a chance da renovação constante e a nossa essência espiritual receberá um fortalecimento especial de resiliência e transformação.
Ana Maria Ramos Sanchez Varella
Nossa equipe
Conselho Editorial
Ana Maria Ramos Sanchez Varella
Jerley Pereira da Silva
Marcos Antônio Gagliardi Cascino
Corpo Editorial
Ana Maria Ramos Sanchez Varella
Jerley Pereira da Silva
Marcos Antônio Gagliardi Cascino
Revisores
Ana Maria Ramos Sanchez Varella
Luís Fernando Araújo
Produção e assessoria técnica
Jerley Pereira da Silva
Equipe da Web
Rodolfo Nicke
CONTATO:
E-mail: [email protected]
Centro Universitário Ítalo Brasileiro
Programa de Pós-graduação, pesquisa e extensão
Avenida João Dias, 2046 • Santo Amaro
São Paulo • CEP: 04724-003
Telefone: +55 11 5645-0099
Suas lições de sabedoria, em formato de poesia, nos apresentam possibilidades de renascimento.