Sem as bases católicas não há educação que se sustente e qualquer matéria que ensinemos aos nossos filhos não os ajudará a alcançar o verdadeiro propósito da educação: a santidade.
Dr. Andrew Seeley, Catholic Exchange | Tradução: Equipe Instituto Newman
Desde as primeiras escolas estabelecidas na Flórida e na Califórnia por missionários espanhóis, até o sistema diocesano iniciado pelo Bispo Neumann na Filadélfia e as escolas fundadas pelos Jesuítas e outras ordens religiosas, as escolas católicas têm proporcionado aos alunos de origens diversas uma educação sólida em um ambiente religioso marcado pela caridade, alegria e compromisso com a verdade. E graças aos grandes sacrifícios pessoais de educadores e membros da igreja, as escolas católicas têm servido os pobres e imigrantes de maneira particularmente admirável ao longo dos anos.
Jesus disse a seus discípulos que eles deveriam ser como “um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas” (Mt 13, 52). Nos últimos vinte e cinco anos, escolas como a Regina Coeli Academy em Wyndmoor e a Regina Angelorum em Wynnewood têm feito exatamente isso ao abraçar o que se tornou conhecido como “educação clássica”.
As escolas clássicas tomam como modelo o tipo de educação que formou grandes homens como Benjamin Franklin e William Shakespeare. As escolas daquela época tinham um grande objetivo: transmitir aos seus alunos a sabedoria e a glória do passado para que pudessem fazer coisas grandiosas por si mesmos. Ainda jovens, eles aprenderam a entender e apreciar as obras de Homero, Sófocles, Virgílio e Cícero. Qualquer pessoa que tenha lido a correspondência de homens como [John] Adams ou cartas públicas [conhecidas] como os “Documentos Federalistas” fica frequentemente impressionada com o quanto nossos pais fundadores[1] se basearam na sabedoria do passado para dar à luz a uma “nova nação concebida na liberdade”.
Essa visão do passado está fora de sintonia com as suposições modernas e, precisamente por isso, torna-se ainda mais necessária. A educação clássica parte da admiração pela sabedoria e conquistas dos últimos 3000 anos. Seu objetivo principal é transmitir esse tesouro aos alunos, que podem realmente aprender com ele. Nosso futuro será mais brilhante se nossos jovens aprenderem sobre raiva e compaixão com Aquiles e Heitor, sobre pecado e purgação com Dante, sobre a força da virtude e a fraqueza da corrupção com a República Romana, sobre o sofrimento da velhice com o Rei Lear, e sobre a fidelidade e liderança com George Washington.
Por outro lado, os jovens de hoje não estão muito longe de pensar que as pessoas viviam em um mundo em preto e branco até a invenção da televisão colorida! Incentivados por teorias progressistas de educação, eles concluem seus estudos com conhecimento suficiente do passado para se admirar com a ignorância, intolerância e preconceito [das eras antigas]. Eles podem até conhecer Bach por nome, mas sua fama no mundo da música é totalmente incompreensível.
A educação clássica dá aos alunos uma grande dose de confiança, a confiança de que, embora o mal tenha sempre existido, muito do que é bom, verdadeiro e belo floresceu e perdurou. E trata-se de um alicerce sólido sobre o qual basear o trabalho que precisa ser feito para aprimorar o mundo como ele é agora.
A forma clássica de educação nunca deixa os alunos no passado; em vez disso, dá a eles as ferramentas necessárias para tornar o mundo de hoje melhor. A obra “A Mente Bem Treinada”, por exemplo, nos apresenta uma maneira de expressar a devoção clássica para melhorar as qualidades mais importantes dos jovens.
As escolas clássicas trabalham para desenvolver memórias, pensamento claro e imaginação fértil. Os alunos são treinados no Trivium — as artes da gramática, lógica e retórica — que lhes dá a capacidade de expressar suas ideias de forma convincente, bela e persuasiva.
As escolas clássicas católicas vão além disso, adicionalmente elas infundem e transmitem cultura católica aos seus alunos. Os católicos têm muito do que se orgulhar em sua herança cultural: obras de arte, pensamento e imaginação, e histórias verdadeiras e heróicas de santos ao longo da história.
Os alunos das escolas católicas clássicas têm a oportunidade de conhecer Santo Agostinho e Santa Mônica, sua mãe; o papel desempenhado pelos beneditinos na formação da Europa cristã a partir dos remanescentes da grande Roma e das hordas bárbaras que a destruíram; Santo Tomás de Aquino e seu grande trabalho para explicar e defender as verdades da fé católica; São Filipe Néri, o Apóstolo da Alegria, que renovou a santidade na Igreja durante a contrarreforma católica; São Junípero Serra e o grande trabalho de levar o Evangelho às Américas. Eles se familiarizam com as grandes obras de arte, música e literatura católicas: catedrais góticas, canto gregoriano, ícones medievais, motetos de Palestrina, sinfonias e óperas de Mozart; Michelangelo, Rafael, Da Vinci; Chesterton, Tolkien, O’Connor, Waugh. Eles se orgulham da Igreja que sempre incentivou a vida intelectual, trouxe à luz as obras de Copérnico e Galileu, e fundou as grandes universidades da Europa e escolas primárias e secundárias em toda a América do Norte.
Pode se tratar somente das pontas dos brotos verdes despontando, mas o surgimento das escolas católicas clássicas é um sinal de renovação, e o fruto de sua contribuição para nossas comunidades e nação é uma colheita que está por vir.
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Educação Clássica, Artes Liberais, Educação Católica, Santidade
Referências
Nota do tradutor: nos Estados Unidos o grupo de líderes que unificaram as treze colônias no século XVIII, e criaram a estrutura de governo da nova nação Americana são conhecidos como “The Founding Fathers”, ou, “Os Pais Fundadores”.