Por Prof. Me. Marcial Ribeiro Chaves , professor de Geografia da Ítalo
O outono é um período que marca a transição do verão para o inverno. Entretanto, chove pouco durante esta estação em São Paulo, por conta de estar localizado em uma região de clima subtropical úmido, embora a palavra “úmido” esteja nele.
Houve um período, no término de 1970, que São Paulo era considerada a terra da garoa, uma chuva fina que caia durante quase todo o inverno, porque ainda restavam vestígios da Mata Atlântica. Mas, em decorrência das transformações urbanas pela qual a cidade passou, a garoa se desfez.
A questão do inverno também está muito ligada ao aspecto ambiental. Para definir o inverno, hoje, é preciso fazer uma análise que envolve a industrialização, a urbanização, a viabilização do solo e todas as transformações pelas quais a cidade passou.
O clima é imutável, só muda em eras geológicas. O que muda é o tempo, que marca as temperaturas. Elas subiram consideravelmente em relação ao que eram há 40 anos.Durante o inverno na cidade de São Paulo, a média de temperaturas variava de 14°C a 16°C, quase todos os anos. Atualmente, há dias no inverno que atingem os 30°C com facilidade por causa do aquecimento superficial das águas do Oceano Pacífico, que muda a rota das massas de ar. Aliás, elas são o fenômeno climático mais importante e responsáveis pelo frio do inverno. A massa de ar que está sobre São Paulo e o Brasil (São Paulo um pouco mais), chama-se massa polar atlântica. Ela é precedida de uma frente fria que transporta a massa, se instala e traz os ventos frios.Se depender de alguns outros fenômenos, a massa perde força e chega muito enfraquecida em São Paulo, fazendo com que a temperatura diminua.
Os fenômenos climáticos foram mudando e, em consequência, a temperatura e o aquecimento global e local. No que diz respeito ao aquecimento local de São Paulo, a cidade já tem um processo de mudança climática, não do clima como um elemento amplo, mas das temperaturas do clima no qual ela é classificada. Já vem de longa data, desde o final do ano de 1970. A cidade cresceu desordenadamente, não houve planejamento urbano, as áreas de proteção de mananciais nunca foram respeitadas, as reservas de água sempre foram invadidas pela população. Tudo isso vai alterando o clima, porque, por exemplo, a represa de água tem um percentual de uso que não pode ser usado. O volume de água que é jogado fora pelas ocupações irregulares em volta.
O inverno continua sendo uma estação marcada pela diminuição das temperaturas, mas não de forma tão acentuada como foi no passado, quandoa questão econômica não tinha influenciado tanto a ambiental, ou seja, não havia degradado tanto o ambiente. É muito difícil afirmar que “o inverno se dará dentro dessa ou daquela previsão de temperatura”, por conta dos fenômenos da própria cidade. As águas do Pacífico que aparentemente não têm influência no inverno em São Paulo, acabam impactando a região, porque a dinâmica da circulação de ventos na superfície e nas formações de ciclone influenciam o planeta Terra como um todo.Esse fenômeno de aquecimento se dá justamente com intensidade do litoral Pacífico da América do Sul, onde a cidade de São Paulo,por sua vez, está localizada. A chegada do inverno está diretamente relacionada com as características da estação anterior, o outono. Se comparado à queda da temperatura de 2016 – quando as infecções respiratórias eram impossíveis de se precaver -, o clima frio desta estação irá se mostrar mais agradável.
A Geografia também se dedica a estudar como as questões climáticas afetam a saúde da população. Provou-se que, numa determinada circunstância ambiental, as pessoas podem desenvolver certos tipos de doenças. No caso das doenças respiratórias, elas ficam muito mais frequentes no inverno, porque há um impedimento da dissipação dos poluentes por conta da pressão atmosférica, da dinâmica dos ventos e da falta das chuvas – os poluentes ficam mais concentrados na atmosfera quando chove menos. Com isso, aumenta a incidência de gripes e resfriados.